De todas as cidades que conheci, Marrakech  é a mais especial, daquelas que a gente guarda no coração pro resto da vida. Tenho uma relação de amor e encantamento não só por tudo o que eu vi, mas principalmente pelo que vivi. Vocês lembram da Jade? A personagem de O Clone? Pois é, eu vivi uma história de amor e paixão, daquelas de novela mesmo. Glória Perez precisa me conhecer!

Mas vamos ao que interessa:

Já estive em Marrakech 3 vezes, mas a primeira a gente nunca esquece. Decidi ir ao Marrocos com uma amiga quando morava em Madrid.

A primeira ida a Marrakech foi uma viagem cheia de surpresas. Antes mesmo de aterrissar você já entende porque ela é conhecida como a Cidade Vermelha, lá de cima dá pra ver as construções, todas no mesmo tom laranja,avermelhado.

Contratamos um transfer do Riad em que nos hospedamos e ele não estava esperando por nós no desembarque. Legal, né?  Bateu um certo desespero pois o celular não pegava e nós não tínhamos idéia de como chegar no hotel e como se comunicar. Falar Árabe e Francês não estava nos nossos planos. Eu, abusada que sou, fui em direção a vários motoristas que estavam na porta do aerporto, tentei falar inglês, espanhol, fiz mímica e sei lá mais o quê e a comunicação simplesmente não rolava. Resolvemos sentar e esperar, até que uns 30 minutos depois vimos a plaquinha com o nome do Riad e corremos em direção ao simpático motorista que nos levou ao adorável Riad Fantasia Prestige. E no caminho eu já estava impressionada e encantada com os contrastes daquele lugar.

Fomos recebidas com um delicioso chá de menta, muito comum por lá.Os Riads são casas tipicamente Marroquinas que se transformaram em hospedagem, geralmente possuem poucos quartos e são bem acolhedores. Eles possuem vários serviços adicionais, como transfer, excursões e alguns tours. Recomendo!

                                                       

Estávamos muito próximo a Praça Djemaa El Fna e resolvemos andar pelas ruelas e souks, o comércio local, com muitas lojinhas e tendas. E é aí que você começa a exercitar a paciência e o bom humor, porque andar pelas ruas de Marrakech sem ser abordada é algo quase que impossível.  No início eu ria, levava na boa, mas tem uma hora que cansa. Sim, irrita. Não há preço fixo para nada, tudo é negociável, tudo! Se o comerciante te disser que custa 100, você diz que paga a metade e aí começa a tão famosa negociação, e boa sorte!

Em volta da Praça mais famosa do Marrocos há muitos restaurantes com terraços que valem a pena subir.  Peça algo típico (sugiro um cuzcuz e uma Pastilla, um tipo de massa folhada recheada com legumes, frango e tâmara e muitas especiarias  – nunca comi nada parecido, delicioso!) e desfrute a vista. Você vai ver de tudo: encantadores de serpentes, malabaristas, adestradores de macaco, tatuadores de henna, músicos e inúmeras barracas de artesanato. De noite a praça é invadida por barraquinhas de comidas. A mais famosa é a nº 1, a Barraca da Aicha. Experimente, não tenha medo.

          

Não planejamos muito, fui sem roteiro, queria conhecer Marrakech de um jeito diferente: andando, fuçando os cantos e me surpreendendo, o que de fato aconteceu. Ao chegar no Riad, a primeira frase que ouvi quando pedi um mapa foi: Welcome to Marrakech and enjoy to get lost! Ou seja, Bem vinda e se joga sem medo de ser feliz, minha filha! E assim  fizemos.

Mas você é mulher! Não teve problema?

Nenhum! É claro que eu não saía com um decote mostrando as peitcholas, nem andava de shortinho e sainha no meio da Medina, né? Bom senso, sempre! Tive sorte de, na primeira vez, o clima estar muito agradável e até friozinho de noite. Voltei 1 ano depois no auge do verão e quase morri, enfrentei 49º, mas como estava acompanhada do meu namorado que era Marroquino, eu andava de vestido, bermuda e até mesmo uns shorts mais curtos. Se você estiver acompanhada, ainda mais por um Marroquino, você será super respeitada. Ninguém me olhava. Porém, se estiver sozinha ou com amigas, como foi meu caso na primeira vez, os homens vão mexer o tempo TODO. Mas jamais tocarão em você! Eles vão falar loucuras mas não vão encostar um dedo ( comigo foi assim). Nós, Brasileiras, temos um carimbo na testa dizendo: Sou do Brasil. Eles vão te chamar de guapa, vão dizer: samba, Futebol, Neymar, Ronaldinho. Na época que eu fui o sucesso era o Ai, se eu te pego e Gustavo Lima e você! Nem preciso dizer quantas vezes eles me faziam cantar e dançar isso….

Há alguns lugares pra visitar que não dá pra sair andando, tem que pegar algum transporte mesmo para chegar aos locais mais longes, como os Jardins de Majorelle. Então aconselho a usarem um  SightSeeing Bus, aquele ônibus vermelho de turismo que roda nos principais pontos turísticos, acho super útil quando não se tem muito tempo no local da visita. Pagamos um ticket de 48h, pois além de nos levar pra onde queremos, é muito seguro. No primeiro dia demos uma volta geral e descemos em alguns pontos, no segundo, voltamos aos locais onde queríamos ficar mais tempo. Fizemos amizade com um dos motoristas, que nos indicou algumas boates pra ir em Marrakech. Sim, lá tem balada, e das boas! Assunto para um próximo post. 😉

Aí você me pergunta: E o deserto? Você foi?

-Não, infelizmente.

Como não planejei nada pra essa viagem e tínhamos apenas 2 dias inteiros ( chegamos num Sexta de tardinha e voltamos na Segunda de tarde), não quis arriscar e preferi ficar só em Marrakech. E não me arrependo! Conhecer Marrakech foi uma das experiências mais incríveis e transformadoras que eu vivi, joguei fora muitos estereótipos e preconceitos. Voltei mais duas vezes para viver uma paixão e me apaixonei ainda mais pela Cidade Vermelha.

Sim,  ela é vermelha,  mas de amor!